Componentes: Néia Gava Rocha, Camila Maria Juffu Lorenzoni, Rita de Cassia Scaramussa, Amanda Deprá Nicoli, Deize Maria Scaramussa de Mattos e Maria da Penha Menassa Panetto

Atividades dos blogueiros:

Rita de Cássia e Camila M. J. Lorenzoni - aplicação dos conteúdos.

Deize e Maria da Penha - pesquisas bibliográficas.

Néia - layout da página, busca por figuras e funcionalidade.

Amanda - exemplos que demonstram a aplicação dos conceitos trabalhados na unidade.




segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Conceitos apresentados na Unidade 2 - Módulo 2

Fichamento - Módulo:  2
Unidade:2
Aluna: Néia Gava Rocha
Qual o tema abordado na unidade?
            O tema abordado nesta unidade, Gênero e Hierarquia Social, traz consigo várias reflexões acerca das muitas diferenças existentes entre raça, gênero e sexualidade, as quais são estabelecidas pela sociedade e, como consequências, acarretam o preconceito racial e de gênero.
            Através do estudo realizado sobre os textos da unidade e dos dados apresentados sobre a participação das mulheres na produção de conhecimento científico, na educação, no mercado de trabalho, na vida política, entre outros, pode-se perceber que demonstram que a hierarquia de gênero (o homem) organiza as relações sociais no espaço público, destinando lugares, postos, posições de prestígio, funções específicas, direitos e deveres a cada sexo.
            Assim, o que se nota é que os comportamentos de homens e de mulheres são delineados por esta hierarquia, a qual dita os comportamentos e os papéis que cada gênero deve ter na sociedade. Para tanto, os textos apresentaram elementos que caracterizam cada um: reprodução (o quanto a reprodução no corpo feminino é utilizada para atribuir à mulher as tarefas relativas ao cuidado com outros) e produção (a responsabilidade que o homem tem de produzir bens e serviços para manter/alimentar a sua família).
            Toda esta diferenciação determina os comportamentos de gêneros perante a escolha de áreas de trabalho, nas escolas, nas tarefas domésticas, nos cuidados com os filhos. Além disso, os textos também apresentaram as desigualdades entrecruzadas, ou seja, os estereótipos e as hierarquias de raça, gênero e sexualidade, as quais são frutos da hierarquia estabelecida pela sociedade. E no caso dos estereótipos de raça, surge o preconceito quanto ao corpo da mulher negra, a qual passa a ser vista de forma vulgar, pois a sociedade a vê como uma pessoa que não se une conjugalmente, mas que se “junta” com o seu parceiro para viver de forma pejorativa.

Quais os principais conceitos apresentados na unidade?
            Os conceitos de gênero variam de acordo a cultura, a classe social e o momento histórico, aos quais os seres estão inseridos. Mediante tais conceitos, o homem e a mulher são diferentes, pois são destinados a ter e a desenvolver emoções, atitudes, condutas e vocações distintas. Assim, se alguém (homem ou mulher) decidir romper com essa suposta determinação do sexo biológico, empreendendo uma transição do masculino ao feminino ou vice-versa, pode causar escândalo e gerar violência e perseguição. Neste caso, podem ser citados os gays e as lésbicas, os quais optaram por uma mudança de sexo/gênero e acarretaram preconceitos da sociedade.
            Isso porque a sociedade é conservadora sob os preceitos de que o homem e a mulher têm suas características definidas, as quais os diferem claramente um do outro. E se isso é alterado, a sociedade não aceita, pois está condicionada aos parâmetros tradicionais e convencionais das determinações de gêneros.
            O que caracterizava este paradigma de gênero era o fato de que o ponto de vista que predominava neste período concebia os corpos masculino e feminino como versões hierárquicas (o corpo feminino era considerado inferior ao masculino), mas complementares. De acordo com o texto “Um amor conquistado: O mito do amor materno”, a mulher, em tempos remotos, tinha um perfil, como a mãe, a educadora e protetora de seus rebentos. Assim, “fechadas nesse esquema por vozes tão autorizadas, como podiam as mulheres escapar ao que se convencionara chamar de sua ‘natureza’ ”?
            Diante desta hierarquia, o prazer sexual feminino era visto como único e fundamental para a reprodução. Enquanto que o homem (por ser considerado superior), além de ter no sexo a sensação do prazer, contribuía com a reprodução.
            E diante desta distinção entre homem e mulher, estabeleceu-se o parâmetro de normalidade entre ambos: Homens “normais” devem se sentir “masculinos”, e mulheres “normais” devem se sentir “femininas”. Assim, todos aqueles que optavam por uma mudança de gênero (gays, lésbicas, transexuais, entre muitos outros) passaram a ser considerados anormais, o que provocou o surgimento de preconceitos e perseguições quanto a estes casos considerados como transtornos ou desvios de gêneros.
            Mediante tais determinações sociais e históricas, nota-se que, muitas vezes, quando alguém se questiona o porquê de tantas diferenças entre homens e mulheres, a resposta é “sempre foi assim”, o que caracteriza uma ausência de resposta fundamentada em teorias e conhecimentos.
            E esta diferença entre ambos é claramente salientada no aspecto reprodutivo da mulher. Afinal, somente ela pode reproduzir, procriar, manter a espécie humana. E esta diferença é tratada pela historiadora francesa Elisabeth Badinter (1985), no livro Um amor conquistado: o mito do amor materno, através do qual ela ressalta que “instinto materno é uma construção histórica promovida pelos reformadores sociais ligados à higiene no século XVIII”.
            Todavia, esta diferença de gênero vista através da reprodutividade parece estar estendida também aos aspectos culturais, ou seja, a sociedade demonstra que competem à mulher as tarefas que se assemelham às atividades que ela ocupa no processo reprodutivo.
            E este reflexo no meio cultural faz com que sejam estabelecidas designações de condutas dos dois sexos, o que concebe a organização da vida coletiva como se fosse uma instituição. É neste momento que a interseccionalidade é percebida, pois esta designa o encontro entre dois pontos ou duas linhas que se cortam ou se cruzam, ou melhor, as desigualdades se potencializam no momento do “encontro dos dois pontos”, fazendo com que surjam violações de direitos de homens e mulheres.
            Como conseqüência desta diferença entre ambos os sexos surgem a organização social do espaço público e privado e a configuração do mundo que nos cerca. O texto utiliza a expressão “rua x casa” para delinear como os gêneros masculino e feminino estão associados a cada uma destas instâncias, conformando a divisão entre o mundo da produção (masculino) e o da reprodução (feminino).
            Isso porque, ao longo da história da humanidade, o espaço público era restrito aos homens como cidadãos, tendo sido as mulheres dele excluídas durante muitos séculos, confinadas no mundo doméstico. Vale mencionar que em todas as sociedades há uma divisão do trabalho entre homens e mulheres, o que permite que as tarefas necessárias à produção e à reprodução sejam cumpridas. Esta situação é denominada divisão sexual do trabalho, o que denota uma forte diferença entre o poder dos homens e o poder das mulheres na sociedade. Os homens estão numa posição dominante, enquanto as mulheres estão numa posição subalterna. Esta assimetria de gênero (masculino e feminino) é reforçada por estereótipos e preconceitos e reproduzida em nossa sociedade.
            Assim, segundo os preceitos estabelecidos pela sociedade, as mulheres estão sempre mais voltadas ao cuidado dos filhos e ao trabalho doméstico, como consequência natural da reprodução ocorrer em seus corpos. Enquanto que os homens ficam com as suas atribuições centradas na produção de bens e serviços, garantindo o sustento da família.
            Desta forma, as assimetrias de gêneros distribuem os papeis de homens e de mulheres nos diferentes espaços sociais. Tais como: na produção de conhecimentos científicos (a física, por exemplo, foi considerada uma disciplina mais apropriada para ser exercida pelos homens por ser imparcial, mais racional, abstrata, por exigir aptidão analítica e um trabalho árduo e longo, enquanto as ciências humanas, que se dedicam ao estudo das pessoas, e mais próximas das preocupações do cotidiano, foram consideradas mais adequadas às mulheres. Isso faz com que pouquíssimas mulheres se interessem por esta área); no mercado de trabalho (durante muito tempo não se falava em mulher no trabalho. Atualmente, a presença de mulheres no mercado de trabalho é expressiva, o que contribui para desvelar as desigualdades e as discriminações se comparadas aos homens, seja no espaço público, seja no espaço privado); no espaço escolar (durante muitos anos a escola era espaço voltado para o homem. A mulher não frequentava a escola. O ingresso das mulheres na escola tem crescido significativamente, ultrapassando o contingente masculino); e na vida política (graças aos movimentos feministas, em 1932 a mulher conquistou o direito ao voto. No entanto, ainda há pouca representatividade feminina no parlamento, tanto no Brasil, como no mundo).
            Assim, eis que surge a socialização diferencial de gênero, ou melhor, o primeiro processo de socialização de crianças e jovens acontece no contexto familiar, pois há variadas expectativas quanto ao futuro das filhas e dos filhos, passando pela oferta de diferentes brinquedos, desigual distribuição de tarefas domésticas, mensagens diversas acerca da sexualidade. Esse diferencial prolonga-se na escola e em outros contextos socializantes.
            Este modo de organização da família (homem: produtor/mulher: reprodutora) implica também uma hierarquia moral que estabelece posições sociais, deveres e obrigações próprias a cada um, conforme a inserção de gênero e de geração.
            Com o decorrer do tempo, as mulheres passaram a ter o poder de ter uma vida sexual e escolher ser ou não mães, planejar a ocasião da maternidade, espaçá-la, decidir o número desejável de filho teve um substantivo impacto em suas vidas. Assim, elas puderam organizar melhor o fluxo da vida cotidiana familiar e passar a ter novas aspirações não restritas à vida doméstica e ao cuidado com a prole. No entanto, esses direitos não são acessíveis a todas as mulheres, dificultando o enfrentamento da hierarquia de gênero.
            A dominação masculina trata da questão da hierarquia sexual, lembrando a necessidade de uma ação coletiva de resistência feminina com o objetivo de impor reformas jurídicas e políticas capazes de alterar o estado atual da relação de forças – material e simbólica – entre os sexos, o que refletirá nos direitos iguais.
            Há três tipos de políticas públicas que procuram neutralizar as desigualdades de gênero: licenças do trabalho para cuidar dos filhos, sem perda do emprego e com a manutenção do salário ou de outros tipos de benefícios monetários equivalentes; regulação do tempo do trabalho, o que permite aos pais/mães reduzirem ou realocarem as horas de trabalho quando as necessidades de cuidados com os/as filhos/as são mais prementes, sem custos econômicos e para o desenvolvimento da carreira profissional; acesso a creches, pré-escolas e escolas em tempo integral como um arranjo alternativo para o cuidado dos/as filhos/as quando os/as pais/mães estão no local de trabalho.
            Diante deste quadro estereotipado de desigualdades entre homens e mulheres, surge a hierarquia entre raça, gênero e sexualidade. Através desta perspectiva, fazer referência à sexualidade de pessoas negras significa falar de modelos generalizados que se relacionam a pensamentos androcêntricos (posturas, estudos, análises, investigações, narrações e propostas construídos a partir de uma perspectiva exclusivamente masculina, que depois são generalizados para homens e mulheres.), brancos e hegemônicos por meio dos quais se manifestam mecanismos de poder, marginalização, discriminação e dominação.
            Em face a este preconceito acerca do negro, surgiu o estereótipo da sexualidade exacerbada (além do estereótipo da languidez e da preguiça), o que conformou o eixo da visão moral sobre negros e negras que acompanhou a colonização tanto no Brasil, como em muitos outros países que viveram o regime escravocrata. De acordo com esta ideologia colonial, o objetivo de conter a sexualidade e “domesticar” os corpos de negros e negras foi um mecanismo para colocá-los a serviço dos amos e das senhoras. O controle colonial em face do direito da vivência sexual dos homens em cativeiro, juntamente com o uso do corpo das mulheres para atender às demandas sexuais dos amos e cumprir com as funções reprodutivas, foram marcas sociais importantes que resultaram na coisificação dos corpos para fins práticos e na desconfiguração das famílias negras, acarretando, ao longo da história, a preconceito racial.
            Em decorrência de o negro ser visto como perigoso, submisso e violento, muitos estudos revelaram que as mulheres negras despertam um forte poder de atração erótica nos homens brancos. Devido ao imaginário erótico que o corpo da mulher negra representava, era visto como perigoso já que, por um lado, ele era concebido como um potencial transmissor de doenças venéreas aos brancos e, por outro, podia ser justamente uma forma de exercer resistência e alcançar meios de ascensão social para sua prole.
            Os estereótipos sobre os povos africanos e seus descendentes, ao serem classificados de bárbaros hipersexuais, manifestam-se ainda nos dias atuais. O estereótipo sexual deve ser pensado como um fenômeno sociocultural, que gera, entre outras, a discriminação étnico-racial.
            De acordo com o autor Viveros (2008:253) “as mulheres negras têm sido vítimas do duplo aspecto, sexual e conjugal, do estereótipo que existe sobre elas com base em uma suposta disponibilidade e desenfreio sexual e como mulheres cuja sexualidade não envolve consequências conjugais, já que, segundo o censo comum, as mulheres negras não se casam, mas se unem”.
            Todas estas diferenças estudadas produzem desigualdades que não podem ser atribuídas à natureza e à biologia, mas ao processo de socialização que define e transmite papéis, comportamentos e padrões, trazendo consigo o preconceito como fruto das diferenças estabelecidas pela própria sociedade.

Explicite que relação existe entre o que o texto problematiza e a sua atuação enquanto gestor/a:
            O texto problematiza a hierarquia pregada entre gêneros, ou seja, a mulher e o homem têm papéis diferentes na sociedade (trabalho, cultura, escola). Assim, este tema está muito ligado ao cotidiano de minha profissão, pois ainda é visível a questão das escolhas da área de trabalho (há mais professores do sexo masculino nas áreas de matemática, de física, de química, enquanto o número de professores femininos compõem a maior parte de humanas: língua portuguesa, artes, geografia).
            Além disso, podemos perceber, também, que as mulheres negras (em sua grande maioria) compõem o grupo de pessoas com menos escolaridade, atuando em serviços considerados “inferiores”(cozinha, limpeza, entre outros).
            Outra situação que devo mencionar é que nas ruas da cidade onde moro, à noite, o número de adolescentes negras nas ruas é maior que de adolescentes brancas, o que confirma o fato (estudado) de as mulheres negras serem consideradas promíscuas pelo preconceito social, pois seus corpos são visto como objetos que atendem às atrações masculinas.

Expresse alguma ideia ocorrida em relação ao seu trabalho depois da leitura e sistematização da unidade.
            Durante o estudo dos textos, conclui que enquanto educadora tenho um papel muito importante na sociedade hierarquicamente conceituada: o de contribuir com a formação de opinião dos alunos, os quais devem conhecer o contexto histórico que cerca o preconceito de gênero e de raça. Assim, é necessário realizar um trabalho interdisciplinar, ressaltando o preconceito como fruto da própria hierarquia social, o que resultará na conscientização da importância do papel do homem, da mulher e da mulher negra perante a sociedade.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
HEILBORN, Maria Luiza; ARAÚJO, Leila; BARRETO, Andreia. (Orgs.). Gestão de políticas públicas em gênero e raça: modulo 2. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2010.

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